01/11/14
#04 NOSSA HISTÓRIA

Na década de 30, quando a tuberculose matava por falta de
diagnóstico, especialista brasileiro desenvolve exame de imagem para detectar a
doença nas fases iniciais
Em vários momentos, o Brasil se torna protagonista
da história da Radiologia. No ano de 1936, o médico Manuel Dias de
Abreu (1894-1962) ganhou destaque
internacional ao propor um método rápido e barato de realizar exames do tórax,
o que facilitou bastante o tratamento de doenças pulmonares.
Abreu batizou a técnica de Rontgenfluorografia
(fotografia de raios X), em homenagem a Wilhelm Conrad Röntgen.
Entretanto, em 1939, no I Congresso Nacional de Tuberculose no Rio de Janeiro,
foi popularizado o termo Abreugrafia, em homenagem a esse importante
pioneiro.
Bem, naquela época, o diagnóstico da tuberculose em estágio avançado
estava vitimando as pessoas e despertou em Manoel de Abreu o interesse de
estudar a doença em estado inicial, para ver se reduzia o índice de mortes.
Mas, isso só seria possível se houvesse uma drástica redução no custo do
exame. Na década de 30, com a invenção do Écran de Tungstato de Cálcio, as
condições se tornaram viáveis.
A Abreugrafia era um exame que consistia em
fotografar a tela de uma radiografia de tórax, em filmes de 35 ou 70 mm. O
custo do diagnóstico caiu, uma vez que o filme fotográfico era mais barato que
as tradicionais chapas radiográficas da época.
Um ano após conseguir bolar a ideia, Abreu
construiu o primeiro aparelho para realização de exames torácicos na Casa
Lohner (RJ). A máquina foi produzida pela filial da Siemens, uma das primeiras
empresas do mundo a desenvolver e investir em equipamentos de raios X. Na mesma
ocasião, foi inaugurado o primeiro serviço de cadastro torácico, em 1937.
O inventor da Abreugrafia se formou na Faculdade
de Medicina do Rio de Janeiro (1913). Depois, resolveu aperfeiçoar seus
conhecimentos na Europa, onde passou por diversos hospitais franceses chegando,
inclusive, a dirigir o Serviço de Radiologia da Santa Casa de Paris (1916).
Por sua contribuição à Medicina, Manuel Dias de
Abreu foi indicado ao Prêmio Nobel de Fisiologia/Medicina, em 1946. Em 30 de
janeiro 1962, veio a falecer, vítima de câncer no pulmão. Em homenagem ao
médico, em 4 de janeiro, se comemora o Dia da Abreugrafia.
Por conta da evolução tecnológica, das taxas de
dose empregadas e as limitações da técnica, a Abreugrafia acabou caindo em
desuso há várias décadas.