31/01/13
NOTA OFICIAL

CONTER lamenta morte de três pacientes no Hospital Vera Cruz, em
Campinas, após a realização de exames de Ressonância Magnética e aguarda
apuração dos fatos, para responsabilização dos culpados
Na noite da segunda-feira (28), o Conselho Nacional de
Técnicos em Radiologia (CONTER) teve conhecimento da morte de três pacientes no
Hospital Vera Cruz, em Campinas, após a realização de exames de Ressonância
Magnética.
As vítimas foram á administradora de empresas Mayra Cristina
Augusto Monteiro, de 25 anos, que deixa um filho de 4 anos; o zelador Manuel
Pereira de Souza, de 39 anos, que era casado e pai de uma filha de 6 anos; e o
paciente Pedro José Ribeiro Porto Filho, de 36 anos. Os três pacientes morreram
cerca de 1h30 após o procedimento.
Outros 83 pacientes realizaram ressonâncias no mesmo dia.
Eles foram contatados pelo hospital e informaram que estão bem.
Aos familiares, nossos sentimentos. Infelizmente, nenhuma
ação que esteja ao nosso alcance trará de voltas os entes queridos que foram
perdidos nesse fatídico episódio. Contudo, passada a tragédia, cabe apurar as
circunstâncias do fato para a responsabilização dos culpados.
Embora nossa área de atuação seja restrita à normatização e
fiscalização do exercício profissional de quem trabalha na área das técnicas
radiológicas, vamos contribuir como pudermos com as instituições do governo e
agências reguladoras para a elucidação das mortes. Vale salientar que o caso
também será investigado pelo 1° Distrito Policial da cidade.
De acordo com a direção do hospital, cerca de 1.800
ressonâncias são realizadas por mês, e nenhuma ocorrência deste tipo foi
registrada na unidade nos últimos 20 anos. O hospital também informou que está
colaborando com os órgãos competentes e prestará assistência aos familiares.
O diretor administrativo do hospital, Gustavo Sergio
Carvalho, afirmou que o mais intrigante é que os exames não constataram nenhum
tipo de problema em qualquer um dos três pacientes. Em entrevista coletiva na
manhã de terça-feira (29), o hospital informou que as causas das mortes ainda
são desconhecidas. A entidade de saúde aguarda o laudo do Instituto Médico
Legal (IML). Exames de sangue feitos nos três pacientes mortos indicaram uma
alteração no fígado das vítimas. O resultado não é conclusivo.
Ontem (30), uma equipe da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa), ligada ao Ministério da Saúde, iniciou o acompanhamento da
investigação. Cinco técnicos especializados em epidemiologia se reúnem com a Vigilância
em Saúde da cidade para trocar informações do que já foi coletado e analisado.
Eles também farão uma vistoria nas instalações e estoque do hospital.
De acordo com informações preliminares apuradas pelo Conselho
Regional de Técnicos em Radiologia de São Paulo (CRTR 5ª Região), o serviço de
Ressonância Magnética do Hospital Vera Cruz é terceirizado para o Centro
Radiológico de Campinas, empresa em que trabalham Biomédicos e Técnicos em
Radiologia. Infelizmente, não conseguimos confirmar, até então, quais
profissionais realizavam os exames no momento em que ocorreram as mortes.
Para o CONTER, a maior probabilidade é que a causa das mortes
seja toxicológica. Nesses casos, é mais provável a contaminação dos insumos ou
dos equipamentos usados no procedimento do que falha humana. Entretanto,
nenhuma linha de investigação pode ser descartada. Cautelarmente, o lote dos
medicamentos relacionados do Hospital Vera Cruz foram interditados e não
poderão ser usados até a elucidação do caso.
As fabricantes dos medicamentos suspeitos já fizeram
comunicações oficiais à imprensa e à sociedade. A assessoria da Eurofarma
Laboratórios informou que só se pronunciará sobre o assunto após ser notificada
da interdição. A Bayer, em nota, disse que ainda não foi notificada oficialmente
e que "está disposta a colaborar com as autoridades responsáveis pelas
investigações, caso seja solicitada a prestar quaisquer esclarecimentos".
A Samtec informou que não foi notificada oficialmente, mas que também está à
disposição para prestar possíveis esclarecimentos. As assessorias dos outros
laboratórios não foram encontradas para comentar o assunto.
Por suposto, o CONTER lamenta que a Radiologia brasileira só
ocupe lugar de destaque na mídia nacional em caso de desastres. Dificilmente,
se vê um editorial de um grande meio de comunicação para informar e alertar à
sociedade sobre os riscos decorrentes da radiação ionizante. No Brasil, se
cultua a desinformação sobre o assunto.
Infelizmente, este não é um fato isolado. Por diversos
motivos, várias pessoas morrem ou desenvolvem problemas de saúde por conta da
exposição indiscriminada à radiação ionizante. Este problema nos serve para
prestarmos atenção a outros tão quanto graves, em diversos setores da
Radiologia.
Certamente, se os meios de comunicação levassem ao
conhecimento da sociedade assuntos relacionados à radioproteção e aos cuidados
que as pessoas devem tomar ao se submeter a exames radiológicos, muitas mortes
poderiam ser evitadas.
Da mesma forma, se os governos levassem em consideração a
realidade dos serviços de Radiologia, atendessem a pauta de reivindicações dos
trabalhadores dos setores de radiodiagnóstico e escutassem os anseios dos
profissionais que estão na ponta da operação, os problemas graves poderiam ser
evitados.
Respeitosamente,
Diretoria Executiva do
CONTER
Fonte: CONTER